Eu gosto de estar apaixonado.
Em um estado permanente de vida e pulsação.
Dia desses estava relendo um livro... Tem um trecho que eu não tinha reparado na leitura anterior.
“Não creio ser um homem que saiba. Tenho sido sempre um homem que busca...”
Como eu não tinha reparado neste trecho?
Ele define quem eu sou, neste momento da minha vida. Tenho encarado a vida assim. Buscando...
O que? Na maioria das vezes eu não sei.
Um momento, uma companhia, uma conversa, um sabor, uma arte... Algo que faça meu coração e alma vibrarem, pelo menos por um instante.
O que tenho descoberto é que esses momentos não são raros. Eu que andava muito distraído. Tentando ser sempre disponível, agradável. Tentando ser uma pessoa que desejam que eu seja. Seguindo caminhos que os outros disseram que eram bons e não me satisfazem.
Outra passagem do livro:
“A vida de todo ser humano é um caminho em direção a si mesmo”.
Muita gente está me achando um pouco pra baixo, melancólico. Eu sou, em alguns momentos, mas quem não é?
Outras vezes só estou um pouco distante relendo minha própria vida. Isso também é estar apaixonado.
A releitura, o reparar, o rever, tenho muita paixão por isso. Meu mundo não é muito grande... Mas tenho mãos para tocar. Tenho voz para rir. Tenho um corpo para experimentar o movimento. Tenho um coração bom, você não verá nada parecido eu garanto. Tenho todas as pessoas na minha memória...
Algumas pessoas definem amor e paixão como coisas diferentes. O bom de envelhecer é ver que as coisas estão mais misturadas do que a gente imagina. Minha paixão e meu amor continuam, mesmo que eu não saiba. Amo e sou apaixonado por quem sabe permanecer, isso deve ser uma arte, uma pena que quase esquecida.